terça-feira, 29 de setembro de 2009

Editorial Edição Setembro por Davi

Em sua quarta edição o informativo elaborado pelos alunos do curso de Geografia – Noturno; que visa a reflexão integral da realidade política, social, e econômica da sociedade brasileira vem em palavras poucas, porém concisas, esclarecer aos leitores o verdadeiro e principal objetivo deste que, as vezes tachado de impróprio e/ou inconveniente à ordem do campus, mantém seu foco – com ideais concretos e pautadas no confronto de opiniões; sem se render à imposições autoritárias e mantenedoras do caos ideológico, trabalhando arduamente com o objetivo de fazer com que os adeptos de leitura de conteúdo, despertem um olhar crítico à respeito do Brasil do séc. XXI.

Neste mês, o Leia e Repasse propõe uma abordagem de temas que são de interesse geral, entre eles a polêmica adoção do sistema EAD educacional, a epopéia traçada pelo MST em busca de um lugar para sobreviver; e de temas que visam a nossa realidade universitária.

Iniciaremos nossa reflexão apresentando uma questão que impossibilita o sono de milhares de pessoas no país e, de milhões no mundo: a continua má distribuição de renda, que expropria do Homem direitos primordiais segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada em 10 de Dezembro de 1948. ARTIGO III : Todo Homem tem direito à Vida, à Liberdade e à Segurança Pessoal.

Neste artigo temos três pilares das condições básicas para a sobrevivência humana na Terra, mas será que tal artigo é realmente respeitado pelas nações, e principalmente por aquelas que se dizem desenvolvidas/civilizadas ?

Certamente o discurso apresentado pela Organização das Nações Unidas - diga-se E.U.A e seus irmãos ´´desenvolvidos`` – tenha sido apenas mais um dos inúmeros episódios de plena Demagogia e Hipocrisia oriunda dos interesseiros do norte.

Onde está o direito de viver do pai de família que busca seu sustento e de seus filhos numa lata de lixo, que Vida é essa ? Que liberdade é essa, que retira o direito do homem possuir seu pedaço de terra para ali plantar o necessário para sua subsistência e de sua comunidade ? E que Segurança temos a mercê de um sistema que diariamente contribui para a derrota de muitos e o sucesso de poucos ?

Reflita Leitor


Ensino Virtual por Grito

A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP) projeto do governador José Serra (PSDB) se apresenta para o governo estadual como a possibilidade de democratização e ampliação das vagas no ensino superior, inicialmente com cursos de formação de professores para suprir a carência em algumas disciplinas e posteriormente abrangerá outras áreas.

Projeto voltando a utilização do ensino à distância (EàD) utilizado em alguns países em casos excepcionais como dificuldade de locomoção ou para presidiários terá na UNIVESP o uso em larga escala contendo 80% de aulas a distância, modelo de ensino qual o MEC fechou 15 mil vagas em 2008 de cursos EàD devido a má qualidade, sendo essa a principal via de ensino e não como um complemento nos quais são utilizados as tecnologias de informação e comunicação (TIC).

A propaganda de democratização do acesso a universidade pública é incoerente a UNIVESP não da as mesmas oportunidades de educação a todas as classes sociais, nem mesmo resolve a demanda crescente do ensino médio para a entrada na universidade pública.

Outra questão que deve ser colocada é o tripé Ensino-Pesquisa-Extensão, a UNIVESP não garante a formação na qual devemos seguir pesquisando no sentido de aplicar os conhecimentos na sociedade, mais exclui o ambiente universitário o relacionamento com alunos e professores sendo essa a solução fácil e barata encontrada para uma propaganda de criação de milhares de vagas nas universidades públicas.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

por Tiago

O MST: Luta em defesa da soberania do estado Brasileiro

por Jandira

No cenário nacional atual, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) é o movimento social que está em maior evidência. Por este motivo, é alvo de diversas críticas, principalmente vindas da parte da população que não se beneficia com a sua luta, a elite financeira. Por tanto, o artigo presente visa mostrar o quanto este movimento revolucionário possui propostas claras de reestruturação do Estado Brasileiro, a partir da implantação de um sistema comprometido com os interesses da população que garanta a Soberania Popular Brasileira.
Sua bandeira principal, a Reforma Agrária, tem como premissa o acesso à terra para todos os que nela trabalham - garantindo a plantação de produtos saudáveis, livre do uso de agrotóxicos e livre da monocultura que atualmente beneficia poucas empresas, colocando o camponês como protagonista da própria reforma, onde ele participará diretamente das escolhas como é feito nos diversos acampamentos e assentamentos do MST.
O movimento luta pela garantia de uma soberania popular nacional, onde as riquezas naturais brasileiras sejam administradas pela população e tragam benefícios para ela, ao contrário do contexto atual onde empresas como a VALE exploram o solo brasileiro e levam todas nossas riquezas para fora.
O MST defende uma intervenção maior da população no sistema político, onde ela consiga tirar os políticos que não representam de fato os interesses da mesma por meio de plebiscito e que crie também um mecanismo de consulta popular para que seja utilizado sempre que preciso.
Além destas bandeiras que são evidenciadas mais facilmente, são diversas as bandeiras defendidas pelo MST, como o combate a violência sexista de uma sociedade patriarcal, pela democratização dos meios de comunicações onde o governo viabilize ao povo organizado seus próprios veículos sociais de comunicação, que invista em programas como o Saúde da Família, e amplie e melhore o SUS (Sistema Único de Saúde). Defende a diversidade étnica e cultural, onde todos sejam tratados como já determinou a Constituição brasileira em plena igualdade de direito econômico, social, política e cultural e em defesa também do acesso a cultura por todos, valorizando os saberes populares.
Podemos finalizar este artigo, dizendo que o MST é um movimento sério, construído por camponeses que sabem o quanto vale o valor da luta e o valor da liberdade e não ficam em casa esperando os seus direitos cairem do céu. E o que é dito pela mídia... Nem sempre nos mostra a realidade. Contudo, nossa missão enquanto universitários é sermos “críticos e agentes transformadores de nossa própria realidade” (Eduardo Felpis), ao contrário, tornaremos massa de manobra dos interesses de poucos.

INVADIR e OCUPAR! por Tiago Araújo e Che

Meados de 2009. Há novas melhorias no campus da UFSCar – Sorocaba. Câmeras foram instaladas para a segurança, um gerador de energia foi comprado e
palmeiras estão sendo plantadas. No entanto, fica clara adiscordância entre as prioridades propostas e realizadas pela diretoria do campus, e as reais necessidades dos discentes. O R.U. (Restaurante Universitário) ainda não funciona no período noturno, e não há previsões para o início das atividades à noite.
É sabido que muitos alunos do noturno fazem parte do sistema de cotas ou de vestibulares especiais, será que as tais ações afirmativas aparecem somente no cartaz do vestibular? Há uma espécie de castigo por parte da diretoria pelas manifestações a favor do R.U. noturno? Será que a única solução é a efetiva ocupação do mesmo até que o funcionamento à noite aconteça? Verba existe, do contrário não haveriam câmeras, gerador e palmeiras. Afinal, quais são as prioridades?

...Há uma espécie de castigo por parte da diretoria pelas manifestações a favor do R.U. noturno?...

Uma vez que só com o simples gesto ingênuo de cobrar explicações e respostas da diretoria da universidade com respeito ao não funcionamento do R.U. noturno, e não havendo o mover de nenhuma palha do ponto de vista concreto ao seu funcionamento no respectivo turno, o Leia e Repasse propõe a INVASÃO e seqüente OCUPAÇÃO do estabelecimento até que se cumpra o dever ao qual a instituição federal intitulada UFSCar deve as suas responsabilidades.



RECOMENDAÇÕES por Tiago Araújo e Túlio

LITERATURA – AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA: Com este livro, Eduardo Galeano quebra a cronologia linear da historiografia oficial para desnudar o saque ao continente que persiste desde seu “descobrimento”. Analisando os mecanismos de poder, os modos de produção e os sistemas de expropriação - Galeano reescreve a história da América Latina e expõe os quinhentos anos de exploração econômica e miséria social.

DISCO - Grupo Tarancón / álbum Gracias a la vida. O grupo musical folclórico Tarancón é composto por músicos de diversos países da América Latina, formado com o objetivo de divulgar a diversidade e canções latino-americanas. Nesse LP, encontramos composições de figuras brilhantes como Violeta Parra, Victor Jara, Mercedes Sosa, Atahualpa Yupanqui, além de outros compositores que tiveram a preocupação e responsabilidade em questionar, criticar e reivindicar através da música, uma latino América justa, unida e livre da exploração. Como se observa nas palavras cantadas pelo grupo.

CINEMA – A HORA DA ESTRELA (1985). Baseado na obra de Clarice Lispector, o filme trás a história de Macabéa. Uma migrante nordestina semi-analfabeta que vem morar na cidade grande, vivendo na pele as contradições da vida. Uma intrigante comédia e drama ao mesmo tempo, refletem a realidade do retirante nordestino da época.

terça-feira, 21 de julho de 2009

EDITORIAL por Carlos Augusto

Chegamos ao mês de Junho,terceira edição do jornal Leia e Repasse, veículo de comunicação que prima pela crítica e auto-crítica.
Espaço de proposição de idéias, sem a mesquinhez habitual dos grupos que acreditam apenas em pessoas que pensem igualmente.
Neste terceiro mês de vida, trazemos textos sobre o papel do movimento estudantil e sua atuação na universidade, poesias na sessão SARAU, e com o texto “Do capital e a Educação” inicia-se a abordagem de uma série de artigos que irão tratar o assunto Educação - e de como é possível educar sem que esta esteja atrelada às rédeas do capitalismo.
Além de indicações literárias, musicais e cinematográficas, seguimos a tendência não de pensamento único, e sim, do choque de idéias - não acreditando no amoldamento crítico, e sim, na transformação através da luta e do argumento.
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“ ...seguimos a tendência
não de pensamento único,
e sim,
do choque de idéias... ”

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Na discordância do dia-a-dia, nasce a possibilidade de mudanças - este informativo é o primeiro passo dado, não apenas com as palavras que saem da boca, mas também com os pés e as pernas que pisam o chão que molda nossas consciências.
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FORMAÇÃO “SUPERIOR”

Alvo de comentários e críticas por vezes vazias e sem fundamento a respeito do papel que o jornal Leia e Repasse vem exercendo na UFSCar – Campus Sorocaba, cabe-nos um instante de reflexão para uma questão primordial: que tipo de universidade desejamos - uma universidade onde a ciência, a manifestação artística, a crítica, e o questionamento são bases fundamentais de sua estrutura, ou uma universidade aos moldes american way of life (como temos presenciado) onde usos e costumes são importados de forma a recriar uma situação a que não nos pertence, nem de longe, e uma vez aqui “adaptada”, afoga o que há de genuíno na raiz cultural, social e até esportiva do nosso país?
Nesse processo de construção do indivíduo como um agente transformador do meio, faz-se necessário antes de tudo uma mudança de mentalidade – passando dessa forma de uma concepção submissa à moral que permeia a sociedade, presa a um anacronismo doentio, para uma outra mentalidade de cunho vanguardista e desprovida de qualquer julgo coercitivo.
Então, qual a formação ideal? Aquela que lhe é imposta pela academia, ou a que se constrói nos corredores da troca de informação e idéias, bem como através das páginas amareladas e corroídas por traças dos exemplares não recomendados pelos doutores?

Charge por tiago

Sarau

ENTREVISTA DA JORNALISTA DE REVISTA COM
NIILISTA MÁXIMO

- E o que o senhor me diz sobre a espécie humana? - pergunta a jornalista de revista.
- O ser humano só é capaz de realizar quatro ações: comer, foder, cagar e encher a Terra de porcarias - responde o niilista máximo.

Jornalista de revista : (Espantada) Mas e a evolução, a revolução, a perpetuação da espécie!?
Niilista máximo: (Plácido) São atos que se enquadram no item "encher a Terra de porcarias".

por Che

mandaram em mim...
me proibiram de ler Fradim,
comer pudim,
quindim
e minha unha cortar com Trim.

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disseram-me assim:
que aqui vim
foi, só, pra fazer
dindin.


por Músico

O MOVIMENTO ESTUDANTIL E A BUROCRACIA ACADÊMICA por Tiago Araújo

É questionável como um movimento que, por sua postura teoricamente esclarecida, deveria ter um caráter independente e de luta - procura em uma fôrma estatutária a busca de uma dita “organização”, mas que em sua prática acaba por se deixar engessar e concomitantemente imobiliza todo um corpo estrutural em efervescência, que já funcionou por vezes como vanguarda, simultaneamente traindo a si próprio enquanto movimento estudantil. Tal fato foi visto recentemente na política de colaboração de classes aplicada pela burocracia nas ocupações que estouraram a partir de 2007 com a ocupação da USP, caracterizada pelos próprios órgãos estudantis como os C.A’s, os D.A’s e DCE’s das universidades brasileiras.
Experiências catastróficas resultam da articulação política de colaboração entre discentes e docentes, na busca de uma suposta “harmonia” ou de um “bem estar” acadêmico, gerando a partir daí uma desarticulação e a criação de obstáculos que não impedem, mas que dificultam a mobilização do corpo discente para o que de fato é de interesse coletivo. E não só aos acadêmicos, mas a toda a comunidade, que em várias circunstâncias corre o risco de ser privada do seu direito de acesso a uma repartição pública, de caráter educacional e constituída com os recursos de contribuintes brasileiros, como no caso da recém lançada portaria DCS Nº. 008/09.
Seria o C.A., o D.A. e o DCE legítimo, descentralizado, autônomo e democrático de fato, sendo representado por chapa única (“chapa branca”)? Claro que NÃO! A centralização do corpo em uma chapa única, por vezes, anula posicionamentos divergentes. O que teoricamente é explícito em sua aparência como uma composição abrangente e democrática, na prática é implícito, pois esconde interesses que não são comuns a um Centro Acadêmico - atingindo e esfriando também toda a força coletiva estudantil quando em seu mais alto grau de borbulho reivindicativo.
O que desperta maior atenção e repúdio é a insistência em se bater por vezes na mesma tecla e em não tendo o resultado esperado, ainda assim, os meios que se buscam através da burocracia estudantil é o que não corresponde aos interesses de nossa luta. Assim, propomos um movimento estudantil INDEPENDENTE, CLASSISTA e COMBATIVO! Deixando expresso aqui nossa critica a uma política de colaboração entre setores que integram, compondo com a diretoria da universidade: a vil burocracia acadêmica.

DO CAPITAL E A EDUCAÇÃO (Introdução) por Felpis

Torna-se difícil no contexto atual, negar que a educação e os processos de reprodução social estão intimamente ligados. Nos últimos anos, a educação institucionalizada serviu ao propósito de fornecer os conhecimentos e o material humano necessário a maquinaria produtiva em expansão do sistema capitalista, mas também, o de gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes como se não pudesse haver alternativa a gestão da sociedade na forma institucionalizada, ou na forma de uma dominação hierárquica estrutural. A questão crucial desta legitimidade é assegurar tanto a adoção por parte de cada indivíduo das aspirações reprodutivas da sociedade como seu próprio objetivo de vida,como o de produzir conformidade sobre estas mesmas aspirações, levando os mesmos a adotar os limites “éticos” da sociedade como seus próprios limites individuais inquestionavelmente. Uma reformulação educacional significativa que tenha como imperativo; a formação do individuo como observador crítico e agente transformador de sua própria realidade - a partir da educação, só pode ser concebida de maneira integral, quando houver um rompimento com a lógica de reprodução social vigente. A razão pelo qual os esforços em instituir reformas na sociedade por meio de reformas educacionais - costumam não atingir o efeito desejado devendo-se ao fato de que a maioria destes intentos é designado para funcionar dentro da estrutura metabólica do capital de maneira reformista, e o mesmo é irreformável porque sua própria natureza como sistema regulador sistemático é incorrigível, portanto, torna-se necessário romper com a lógica do capital se quisermos contemplar a criação de uma alternativa educacional significativamente diferente. Contudo, a tarefa é incomensuravelmente maior do que a negação do capitalismo, pois é necessário nas palavras de Istvan Meszáros, ir “para além do capital”, ação esta que tem como objetivo a realização de uma ordem social que positivamente sustente-se sem referências aos males do capitalismo, transição esta em que a educação exerce um papel de extrema importância, tanto para a elaboração de estratégias apropriadas, como para a auto-mudança consciente dos indivíduos chamados a concretização desta ordem social radicalmente diferente. A gestão das funções do processo de produção social e das práticas educacionais deve ser protagonizada pelos próprios indivíduos de acordo com os requisitos que os mesmos julgam necessários a comunidade. A educação neste caso torna-se contínua - constituinte estritamente necessário para uma sociedade que busque a superação do sistema social metabólico do capital.

RECOMENDAÇÕES

por Gabriella Poles e Tiago Araújo
LITERATURA - CATATAU: obra do escritor, poeta e tradutor Paulo Leminski, é uma das mais ousadas narrativas experimentais de seu período. O autor instaura uma narrativa perturbadora que exige muito mais do leitor do que a simples leitura: exige um envolvimento que compreenda a tentativa das personagens de enquadrar a realidade brasileira, exuberante e emergente à realidade européia. Leminski relaciona história, filosofia, ciência e literatura sem perder a veia concretista que caracteriza toda a sua obra literária.

MÚSICA - ITAMAR ASSUMPÇÃO INTERCONTINENTAL: genial expoente do movimento conhecido como vanguarda paulistana, Itamar Assumpção tem em suas composições a marca da poesia, da crítica e da originalidade típicas da cena musical que a capital paulista continha nas décadas de 70 e 80 - A faixa "Adeus Pantanal" é uma viagem geográfica pelo interior do Brasil, "Oferenda" é um jogo de palavras e "Filho de Santa Maria" é uma parceria com o também genial poeta Paulo Leminski.

CINEMA – ESTADO DE SÍTIO: realizado por Costa Gravas em 1973, marca uma época, em especial para a América Latina, onde as ditaduras se tinham instalado impondo a tortura, a perseguição e o assassinato dos opositores. A ação desenrola-se no Uruguai, podendo ser noutro lado qualquer onde exista a tortura. Vale a pena conferir.